7 de abr. de 2013

Kevin é esquecido em amistoso, e Marin joga responsabilidade para bolivianos


Kevin é esquecido em amistoso, e Marin joga responsabilidade para bolivianos
Marin e Evo Morales, presidente da Bolívia
No dia 13 de março, há menos de um mês, a Confederação Brasileira de Futebol - CBF -, confirmava a disputa de um amistoso contra a Bolívia, cuja renda seria revertida para a família do garoto Kevin Beltrán Espada, assassinado durante jogo entre San José e Corinthians, em fevereiro, em Oruro, pela Copa Libertadores.

Parecia uma boa forma de diminuir o impacto negativo gerado contra os torcedores corintianos, acusados de terem atirado o sinalizador que acabou matando Kevin durante aquela partida e de fazer uma propaganda positiva a favor da seleção.

Neste sábado, 6 de abril, no entanto, Kevin e sua família foram totalmente esquecidos no amistoso disputado na cidade boliviana de Santa Cruz de La Sierra, chamado de ‘Jogo da Paz.’

A mudança de discurso começou já na semana do jogo. A Federação Boliviana de Futebol alegava que o dinheiro com a venda de ingresssos para o duelo não seria destinado exclusivamente à família de garoto, que teria que dividir a quantia com os gastos da partida e com ex-jogadores da Bolívia campeões da Copa América de 1963.


Ainda abalado pela morte de seu filho, Limbert Beltrán Espada mostrou insatisfação com a decisão e preferiu não comparecer ao estádio para ver o amistoso. Melhor para ele. Em nenhum momento a jovem vítima de 14 anos foi lembrada, fosse no sistema de som do Estádio Tahuichi ou em cartazes de torcedores.

Antes do apito inicial, a memória de Kevin parecia que finalmente seria honrada quando o juiz determinou um minuto de silêncio. Engano. O luto era para um ex-dirigente da federação de futebol local.

"Também achei estranho. Até comentei com o Marco Polo", admitiu o presidente da CBF, José Maria Marin, ao lado do vice-presidente da entidade, Marco Polo Del Nero.

Mas Marin não quis se envolver em polêmica. "Somos apenas visitantes, não podemos fazer nada. Eles são os anfitriões", disse o dirigente, que tentou desvincular a partida da homenagem ao jovem boliviano. "Esse jogo já estava marcado havia muito tempo. É mais uma medida para nos aproximarmos dos nossos vizinhos sul-americanos."

Um novo amistoso entre Brasil e Bolívia pode acontecer ainda neste ano, segundo o presidente da CBF, agora em solo brasileiro, mas não necessariamente em tributo a Kevin. "Não vamos misturar as coisas", afirma o líder da CBF. Ele preferiu dedicar seus esforços aos pedidos de liberação dos 12 torcedores corintianos presos em Oruro acusados do disparo do sinalizador.
Marin abraço garoto durante Brasil e Bolívia; ao fundo, Del Nero e o deputado federal Vicente Cândido
Marin abraço garoto durante Brasil e Bolívia; ao fundo, Del Nero e o deputado federal Vicente Cândido


O técnico da seleção brasileira, Luiz Felipe Scolari, também ‘tirou o corpo fora’ e declarou: "Eu, como técnico da seleção, fui consultado se gostaria de jogar e disse que sim. Essa é minha parte, não entro em aspecto político, social."

O único que parecia se lembrar do motivo inicial do jogo era Neymar. "É um caso chato, muito triste, ainda mais para a família. Mas se a gente puder ajudar de alguma forma é ajudando o futebol, fazendo gol. É nossa forma de ajudar a família e hoje a seleção fez isso", opinou o santista.

Limbert, pai de Kevin, disse não ter sido procurado por ninguém sobre a divisão da renda do amistoso ou sobre a verba do encontro da próxima quarta-feira, pela Libertadores, entre Corinthians e San José, que poderia ser doada pelo time paulista. Segundo ele, até agora só se trata de especulação. 
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